terça-feira, 10 de novembro de 2009

SINTONIA


Impressões cósmicas

 
Muito tempo se passou desde que o homem iniciou sua trajetória terrestre. Em sua jornada trilhou caminhos ora em queda, ora em força e na diversidade experimentou vivências que o ajudaram a ser o que é. Quantas sensações, quantos sentimentos vibram nele, quantas impressões pulsam em seu âmago, quantos atalhos já trilhados pela jornada da alma. Atalhos que também oportunizam construir o verdadeiro sentido da vida. Quase sempre são nestas veredas que se constroem grandes aprendizados. Cada indivíduo é responsável pela sua trajetória e pela vivência escolhida.

Desde o primeiro instante, a humanidade criou a sua própria história, freqüentemente, associada a muito sofrimento. Partindo do pressuposto de que todos os acontecimentos têm sua razão é importante distinguir a diferença entre dor e sofrimento. A dor tanto física quanto emocional tem causa real e pode ser curada de alguma forma, basta apenas tomar consciência e recorrer à cura. O sofrimento não passa de ilusão, é um vício enraizado no martírio da inconsciência. O sofrer é fomentado pelo peso da culpa, que a princípio é uma fantasia, sendo legitimada a partir de uma infração. Por ser um processo tipicamente humano, a culpa é quase sempre alimentada pela cultura de raça e a crença de que sofrer engrandece o espírito ou de que o ser humano vem ao mundo para sofrer.

Mas, será que este espírito somente se eleva pelos processos de sofrimento? Não, o espírito é o caminhante silencioso que habita o âmago de cada ser vivente a espera das vibrações de amor e por ressonância insufla na matéria viva, a força de coesão máxima da consciência de Deus. Eleva-se o espírito, sempre que a alegria se fizer presente, em todas às vezes que os sentimentos se expandirem em direção às vibrações superiores e principalmente, quando o indivíduo se torna cônscio de que em suas mãos estão depositadas as infinitas possibilidades do Universo. É no alvorecer da consciência que o pássaro da luz derrama suas bênçãos para ungir os filhos da Terra, partícipes do maior sonho do Criador - a realização da vida em toda a sua excelência e magnitude.

Muitas são as pessoas que esperam a transformação planetária, contudo alguns espreitam o ribombar dos trovões, junto às tempestades que a tudo devastam numa tentativa de cobrar as atitudes insanas daqueles que usurpam o poder e denigre a imagem de um planeta luz. Este modo de pensar e encarar as coisas faz parte de um mundo ilusório que já viveu as suas dores, que já sucumbiu às forças trevosas que ainda inundam as mentes daqueles que acreditam nisso. As profecias comentam a destruição do mundo, prevendo que o homem fará sua própria destruição. Contudo, a vida sempre se renova, pois há entre aqueles que esperam a destruição, os sonhadores, os amantes da Terra Mãe - os portadores do archote da luz que em sua sabedoria constroem os arquétipos que modelam a nova vida, tal qual, as pequeninas folhas verdejantes que brotam do solo quente após a queimada.

A humanidade vive um tempo de muitas alegorias e estereotipias, e por isto mesmo é preciso tomar ciência de que a realidade humana é prescrita por nuances distintas, nas quais, fazem parte as simbolizações ideológicas, as fantasias e quase sempre são mobilizadas pelos pensamentos conturbados e negativos. A premência do momento está em discernir que aquele que se torna dono de seus pensamentos se tornará senhor de seus atos desbravando a escuridão da alma, enquanto alavanca a conquista de si mesmo. O pensamento é a força que tudo move e cria, pois possibilita a manifestação de todas as coisas úteis e palpáveis. Cabe ao homem criar as infinitas possibilidades a partir de sua própria escolha, pois é a sintonia do pensar que atrai vibração semelhante e que tomará forma rapidamente na matéria. Se há uma luta interior, então, se projetará uma guerra a ser travada no mundo exterior entre batalhões, do bem e do mal, que só marcam presença na mente formatada pela dualidade. É importante lembrar que a dualidade é apenas uma das etapas a serem vencidas, rumo à evolução da consciência humana.

Como ser vivente, o homem, não pode esquecer que foi engendrado no seio do Criador, e por isto mesmo têm as mesmas características, na qual a liberdade se revela não somente nos sonhos ou desejos, mas principalmente na paz interior que deve se tornar a meta mais importante de vida. É sábio crer que a maior razão de vida está nele mesmo, que arremessar o pensamento em direção aos desejos mais íntimos, perceber, sentir e aceitar a divindade que existe nele próprio, é contribuir para a transformação do mundo. O mundo só se transforma quando o homem transforma a si mesmo. Nada está fora que já não esteja dentro de cada ser humano. Ter a convicção da existência da felicidade é ajustar os elos dos pensamentos, das sensações, dos sentimentos, da intuição pura para que cada ação seja a sintonia perfeita entre corpo, mente e espírito. A multidiciplinaridade se faz na sintonia do sentir e do interagir no acoplamento entre estas partes; isto só é possível pelas vias do corpo. Esta união especial considera o resgate da harmonia na unidade da consciência humana. Se cada pessoa tomar ciência desta possibilidade, que dentro dela está a fonte da maior revelação, então é possível vencer o medo e tornar-se dona de si mesma, fazendo conscientemente a escolha necessária para a libertação a tanto anunciada. A vida é feita de escolhas, então é preciso ser sábio e saber escolher, lembrando que toda e qualquer opção tem seu preço e que este virá na exata medida da possibilidade de cada um.

A revelação também prenuncia a prática constante de que, ao invés de focalizar o olhar aos problemas alheios, é necessário dar prioridade e atenção integral à própria vida e seus afazeres. Não se antecipar, esperar o chamado, pois quase sempre a antecipação cria vínculos de contraste ilusório e desgastante. Desta forma, o homem desvendará dentro de si mesmo a força necessária para a superação dos conflitos e evitará a ruminância queixosa que só serve para atrapalhar e impedir a conquista dos sonhos. Assim, ele, trabalhando a seu favor, tornará seu tempo preenchido por atividades que engrandecem o espírito e elevam a consciência. Haverá então, a separação do joio e do trigo que é a desmistificação entre o profano e o sagrado, isto é, a finalização do sofrimento humano. A grande maioria sofre porque as energias psíquicas de suas atividades mentais estão misturadas em problemas que não lhes pertencem.

O ser humano ainda tem pouca compreensão da infinitude do Universo, e dos processos ao qual está envolvido. Todavia, ele não está sozinho um instante sequer, se caminhar em direção a justiça, a igualdade e aos estados conscientes de bem-aventurança. A forma mais simples de sentir a presença é sintonizar a infinita misericórdia divina, é mobilizar a fé numa simples oração, uma única palavra ou na entrega da pureza de cada ato consciente; o que vale é a intenção. Deste modo, é o tempo de aprimorar o sorriso, tal qual a criança que brinca despretensiosa a correr pelos campos floridos em busca da magia que encanta e faz brilhar os olhos. Em sua pureza os infantes deixam-se contagiar pelas multicoloridas borboletas que inundam a primavera. É o tempo de fazer amor movido pelo encantamento do sonho e nesta vibração engendrar no ventre materno, as sementes de luz que fecundarão a terra, para finalmente proliferar uma raça sapiente, de homens e mulheres companheiros que focalizam não mais que a defesa da felicidade e a infinita misericórdia que altera a rota dos acontecimentos ainda marcados pela dor. Por isto, é preciso sintonizar os bons pensamentos e a pureza dos corações, pois somente assim haverá um céu de arco-íris e uma vida melhor para se viver. Então, virá o dia da oportunidade em que o homem se verá como o representante divino, fiel depositário das relíquias da Criação.

Esta é a forma mais contundente de agradecer o privilegio da encarnação que é amparada pelos anjos da luz e do amor. E, no divino manto da Grande Mãe, o homem, filho da luz, desceu suavemente a Terra para erguer-se deslumbrante como a força primeira que é somente digna de uma Hierarquia Solar. Eis que os Filhos do Sol caminham por sobre a terra fecunda, e a cada despertar semeiam a esperança de um porvir iluminado pela luz do alvorecer, em que os respingos de orvalho cintilam como gotas cristalinas, diante dos quais a “eternidade” se engrandece.

Por Marizilda Lopes















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