quarta-feira, 19 de agosto de 2009

UM NOVO OLHAR PARA A CAIXA DE PANDORA


Num dado momento antes de tudo, a Deusa ergueu-se da escuridão e nasceu dela própria... E qual uma flor desabrochou, espargiu seus perfumes e como gotas de orvalho inundou o infinito. E assim, com seu complemento divino, a vida aconteceu...


Conta uma antiga historia que um dia uma bela mulher de formosura intensa, chamada Pandora (a que possui todos os dons) abriu uma caixa e libertou os males do mundo. A lenda também revela que ao fechar a caixa, Pandora deixou dentro dela o maior dom de todos, a esperança.

Ora, se Pandora, como próprio nome diz, é dotada de todos os dons, e deixa na caixa, a esperança, o que podemos deduzir?

A caixa é um símbolo feminino, e a depender da imaginação, além de possuir todos os dons também pode conter o que é temível e tenebroso. Sendo assim, a caixa protege, mas, também sufoca. É a representação do inconsciente e sempre contém um segredo: pode encerrar e separar do mundo aquilo que é precioso. Então, deve-se abrir ou não a caixa?

O mundo nos leva a acreditar que é preferível não abrir a caixa como o fez Pandora, assim pode-se evitar as mazelas perturbadoras da razão. Porém é exatamente nesta mesma caixa de Pandora, bem lá no fundo, que a esperança permanece; pois aqui está o inconsciente com todas as suas possibilidades inesperadas, às vezes excessivas, negativas ou positivas.

Será que deixar estas forças entregues a si mesmas, evitando abrir a caixa, não seria negar a possibilidade da manifestação do ato criativo, que traz luz à consciência humana? Não seria exatamente por negar a abertura da caixa que a humanidade se perde em si mesma?

E, eis que à mulher foi dado o dom da vida, e portadora da esperança ergue a tampa da caixa para desvendar o poder do oculto entre o sagrado e o profano. E, assim nessa descoberta, o mito nos revela uma verdade distante: o conhecimento está dentro de cada um de nós, e em contato com as profundezas de nosso ser caminha-se para a evolução pessoal, para a individuação, ou seja, ao encontro de Si mesmo. Somente assim, se muda o mundo, a partir de nós mesmos e o Mito de Pandora ajuda-nos a pensar que podemos através da imaginação criar infinitas possibilidades. Apesar de o mito revelar o caos imperante numa caixa de monstros e fantasmas, a semideusa, com todos os seus dons, e talvez o melhor deles, a curiosidade, nos ajuda a perceber que a esperança presa no fundo da caixa, pode guiar a imaginação e dar forma ao desconhecido. Ora, isto é função da arte e como tal, tem como parceira a criatividade que nos devolve o poder da escolha e que põe limite à forma. Eis a beleza da vida.

Pois, então - Ouse e Manifeste: abra a caixa de seu interior e veja qual é a esperança da salvação da vida, do mundo e quiçá do planeta Terra. Certamente, encontrará que a única razão para viver é porque voce é banhado pelo Sol todas as manhãs, iluminado pela Lua ao anoitecer, envolvido pelas árvores do grande jardim, ungido pelo oceano cósmico do amor divino e bem-querido pela terra.
Descobrirá que muito além das mazelas do mundo, você está aqui para brilhar e sorver a abundância do universo. E assim, após a sua aceitação será o momento de se deliciar, pois você é inteiramente um ser sagrado que está aqui para transcender ao seu aspecto divino.


Marizilda Lopes – Extrema-MG

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